sábado, 4 de julho de 2009

MARIA, VERDADEIRA CRIANÇA




A única, verdadeiramente criança

Observe bem, pequeno: a Santíssima Virgem não teve nem triunfos nem milagres. Seu Filho não permitiu que a glória humana a tocasse, nem que fosse apenas com a pontinha de sua asa selvagem.

Ninguém viveu, sofreu ou morreu, de forma tão simples e com ignorância tão profunda sobre a sua própria dignidade, dignidade que a coloca, no entanto, acima dos Anjos. Pois, afinal, ela nascera sem pecado; que solidão impressionante! Uma fonte tão pura, tão límpida, tão límpida e pura, que ela não poderia nem mesmo encontrar a própria imagem refletida nas linfas transparentes, tendo sido criada para a alegria única do Pai - Ó sagrada solidão!

Os antigos demônios familiares do homem - mestres e servidores, ao mesmo tempo -, os terríveis patriarcas que guiaram os primeiros passos de Adão até o limiar do mundo maldito, a esperteza e o orgulho, estão a observar, de longe, esta criatura milagrosa, colocada bem além do seu alcance, apesar de invulnerável e desarmada.

Georges Bernanos (1888-1948) A única, verdadeiramente criança

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